Brasil registra aumento nos casos de doença meningocócica e autoridades reforçam importância da vacinação

 

Imagem: Ilustrativa

O Brasil registrou aumento nos casos de doença meningocócica, uma das formas mais graves de meningite, segundo dados divulgados pelo Ministério da Saúde. Entre janeiro e setembro de 2025, foram confirmados 749 casos e 131 mortes, o que representa uma média de 82 ocorrências mensais, número superior ao de 2024, quando a média era de 68 casos por mês. O cenário reacende o alerta para a importância da imunização e do diagnóstico precoce.

A meningite é uma inflamação das membranas que envolvem o cérebro e a medula espinhal, podendo ser causada por vírus, fungos ou bactérias. A forma meningocócica, provocada pela Neisseria meningitidis, é considerada a mais perigosa por sua rápida evolução e alta taxa de letalidade. De acordo com a infectologista Rosana Richtmann, da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), o número de registros vem crescendo, mas a taxa de mortalidade permanece elevada, em torno de 20%.

Segundo a especialista, parte do aumento pode estar relacionada à melhoria nos métodos de diagnóstico. “Hoje há uma vigilância mais ativa e o uso de testes moleculares permite identificar com mais precisão o agente causador. Isso faz com que mais casos sejam detectados e notificados”, explica. Ela reforça que a rapidez no atendimento é decisiva: “O diagnóstico rápido e o início imediato do tratamento fazem toda a diferença no desfecho do paciente”.

Os sintomas da meningite costumam surgir entre dois e dez dias após o contato com o agente infeccioso, geralmente entre o terceiro e o quarto dia. Febre alta repentina, dor de cabeça intensa, rigidez na nuca, náuseas, vômitos e sensibilidade à luz são sinais de alerta. A doença pode afetar pessoas de qualquer idade, mas é mais frequente em crianças menores de um ano, adolescentes e jovens adultos. Esses últimos podem ser portadores assintomáticos e transmitir a bactéria sem saber.

A vacinação é a principal forma de prevenção. O Programa Nacional de Imunizações (PNI) disponibiliza gratuitamente vacinas contra quatro sorogrupos da bactéria A, C, W e Y, aplicadas em crianças de 3 e 5 meses, com reforço aos 12 meses, e em adolescentes de 11 a 14 anos. Na rede privada, está disponível também a vacina contra o sorogrupo B, que tem sido o mais comum no país. Especialistas recomendam a aplicação das vacinas ACWY e B em bebês e reforços na adolescência.

“Somente com ampliação da cobertura vacinal e inclusão de novas vacinas conseguiremos mudar esse cenário”, enfatiza Richtmann.

Para Suelen Caroline, presidente da Associação Brasileira de Combate à Meningite (ABCM), o avanço da doença reflete a falta de informação sobre prevenção. “Esse cenário é extremamente preocupante e mostra a desinformação sobre a importância das vacinas”, afirma. Ela destaca que a comunicação acessível e constante é essencial: “A ampliação da vacina ACWY no SUS e a oferta de imunizantes na rede privada são informações que precisam chegar à população. É com informação que garantimos o direito à prevenção”.

Além da vacinação, medidas simples ajudam a reduzir o risco de transmissão, como lavar as mãos com frequência, cobrir a boca ao tossir ou espirrar, não compartilhar objetos pessoais, manter os ambientes ventilados e evitar aglomerações.

O Ministério da Saúde reforça que a conscientização e a imunização em dia são fundamentais para conter o avanço da meningite meningocócica no país.

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