O alfaiate João Camargo, conhecido por confeccionar ternos de alto padrão e atender figuras públicas, é suspeito de ter recebido R$ 24 milhões em um esquema que desviou mais de R$ 6,3 bilhões de beneficiários do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). O caso é apurado pela CPI mista do INSS no Congresso Nacional.
De acordo com documentos apresentados à comissão, uma empresa de Camargo, a MKT Connection Group, teria recebido os repasses da Amar Brasil, uma das associações investigadas pela Polícia Federal por desvios de recursos de aposentadorias e pensões. A empresa, fundada em 12 de dezembro de 2022 e registrada em nome do alfaiate como sócio único, movimentou R$ 24,3 milhões entre dezembro de 2022 e abril de 2025.
Durante o mesmo período, a MKT Connection Group também transferiu R$ 784,5 mil de volta à Amar Brasil. No total, foram registradas 65 transações entre as duas instituições, sendo 54 com destino à empresa de Camargo. As informações constam em relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), encaminhado à CPI após solicitação dos parlamentares.
Procurada pela reportagem, a defesa de João Camargo negou qualquer irregularidade nas operações da MKT Connection Group.
Além da empresa de consultoria, o alfaiate também figurou como um dos sócios da Kairos Representações LTDA, aberta em outubro de 2023 e encerrada em fevereiro de 2024. O quadro societário da Kairos incluía ainda Américo Monte Junior, Anderson Cordeiro Vasconcelos, Felipe Macedo Gomes e José Branco Garcia, todos investigados pela Polícia Federal por suspeita de participação no mesmo esquema de desvios de recursos do INSS.
Felipe Macedo Gomes, um dos ex-sócios de Camargo, é dirigente da Amar Brasil e já prestou depoimento à CPI. Os demais sócios também estão sob investigação por supostos repasses de associações ligadas às entidades investigadas.
Até o momento, não há registro de transferências diretas das associações para a Kairos Representações.
Aos 50 anos, João Camargo atua há duas décadas no setor de alfaiataria e mantém, desde 2005, uma loja em São Paulo que leva seu nome. Ele já confeccionou roupas para personalidades como Silvio Santos, Bruno Gagliasso e Rodrigo Faro, além de políticos e empresários. Camargo também manteve um ateliê em Brasília, no Lago Sul, área nobre da capital federal.
O alfaiate deverá prestar esclarecimentos à CPI mista do INSS nas próximas sessões.
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